domingo, 4 de março de 2012
sábado, 3 de março de 2012
sexta-feira, 2 de março de 2012
Um momento da estrela
Baseado em: A Hora da Estrela
Autoria de Enya Barros
Autoria de Enya Barros
MACABÉA ENTROU NA SALA de Seu Raimundo e repetiu
a frase que ouvira saltar da boca de Glória uma porção de vezes, sem a menor
consciência de que não possuia o mesmo talento que a loira tinha para a mentira. Na
verdade, nada em si poderia ser tão diferente e distante da fartura de carnes e
malícia que tão bem definiam a colega.
- Vai arrancar outro dente, Macabéa? – O homem
perguntou sem intenção de censurar, numa retórica acompanhada de um suspiro e
um aceno de cabeça. – Certo certo, pode ir. Mas entra bem cedinho amanhã, heim.
- Sim, senhor. Muito obrigada, o senhor é um pai
pra mim. – A falta de entonação destoava completamente o que fora dito, mas
nenhum dos dois se importava com a veracidade ou não das palavras. Macabéa
agradeceu mais uma vez e deixou o cômodo abafado, passando pela própria mesa e
de Glória, que de tão entretida com a ligação de um rapaz não percebera sua
saída.
Desceu a escadaria mal iluminada do prédio onde
trabalhava a passos lentos, os ombros caídos e o olhar focado na escuridão que
cobria os próximos e próximos degraus. Assim que pôs os pés pra fora, espremeu
os olhos enquanto encarava o céu de azul apagado acima de tudo, umas nuvens jogadas
aqui e ali. Gostava do céu. Ele era bonito e a lembrava do desejo de ser uma
estrela de cinema. Mas ela não sabia o porquê. Só era assim.
- Macabéa! – Assim que ouviu seu nome ser
chamado, direcionou a atenção para o outro lado da rua, onde Olímpico acenava
efusivamente, fazendo as mais diversas expressões. Nenhuma delas muito boas, é
bem verdade, mas Macabéa não notou. Ou talvez expressões como aquela já lhe
fossem tão familiares que reação alguma causava. De qualquer modo, ele a
esperava para passearem, como combinado da última vez. Quem sabe hoje Olímpico
não a pagasse um café de novo.
Atravessou a rua e assim que chegou perto o
suficiente, ele disse:
- Mas que demora, Macabéa! Eu num tenho o dia
todo não. O serviço na metalúrgica num anda sem mim.
- Me desculpe. – Acenou e manteve os olhos fixos
nele, esperando que falasse algo mais. Ela gostava de ouvir o que ele tinha a
dizer. Parecia sempre muito importante e cheio de coisas das quais ela não
entendia.
Mas Olímpico não parecia ter vontade de
conversar aquela hora. Apenas começou a andar sem olhar para trás, certo de que
Macabéa o seguira. E ela o fez, apressando o passo até estar do lado esquerdo
dele.
Caminharam juntos pelo lado leste do bairro,
passando em frente à lanchonete – Macabéa tendo sua expectativa diminuída ao
perceber que não tomariam café daquela vez -, e sentaram-se num dos bancos do
parque. Não era o mesmo lugar onde haviam se conhecido no último mês, até
porque ela não se lembrava com exatidão de onde fora. Mas era bonito também.
Tinha árvores, flores e brita cobrindo o chão.
Passaram-se alguns minutos e nenhum dos dois
disse nada. Macabéa não tinha o que falar e Olímpico, agora que já gastara todo
o discurso de deputado em encontros passados, esperava que alguma das perguntas
normalmente feitas por ela rendessem alguma conversa. Mas nem isso.
- Ave Maria, Macabéa. Nem pra conversar você
serve. Fosse pra ficar em silêncio eu nem vinha. – Ele reclamou. E não se
surpreendeu com o que ouviu:
- Me desculpe. – Olímpico fez um barulho de
estralo com a boca, movimentando a cabeça de um modo que parecia estar muito
desgostoso. Levantou-se do banco e, do mesmo jeito de antes, pôs-se a andar. E
ela foi atrás dele, atenta aos gestos e palavras. E também ao barulho dos
carros. De umas pessoas conversando e trabalhando perto dali. Além de uns
passarinhos antes nunca notados.
Há alguns instantes, sentira vontade de
perguntar o que era o silêncio, mas lembrou-se das repreendas de outras vezes e
desistiu tão logo quanto pensou. Mas então ela subitamente parou de prestar
atenção naquilo tudo, encontrando um espaço vazio que não sabia ao certo onde
estava – se dentro ou fora dela, mas que podia muito bem ser o silêncio sobre o
qual não sabia do que se tratava.
Então Macabéa riu para aquilo que ela achava ser
o silêncio, sentindo qualquer coisa que não fazia muito sentido, mas era bom.
Aquela fora a primeira vez que ela descobriu sem
perguntar.
Sem título e inspiração
Baseado no estilo de escrita de Clarice, não em uma obra em específico
Autoria de Marina Margutti
A CADA LINHA
que eu leio mais angustiada eu fico, porque no fundo eu sei que nada do que for
escrito só por escrever vai conseguir transmitir a essência dos textos.
As páginas em branco vão se
acumulando na minha frente por uma falta de inspiração, aquela coisinha chata,
que só nos visita de cinco em cinco anos bissextos. Então como fazer o
proposto? Eu não sei.
E meu peito dói angustiado com esse
problema, e com todos os que vão se empilhando pelo chão. Errado foi tentar
resolver esse problema primeiro, já que ainda me falta aquela coisinha chata, a
tal da inspiração.
Como algumas palavras soltas jogadas
em um papel podem tentar significar tanto quanto outras que foram
cuidadosamente colocadas lá? Eu não sei.
Se alguém ocupa toda sua mente, como
sobra espaço pras outras coisas da sua vida? Se esse alguém é mais um problema
do que uma solução, como resolver todos os outros problemas jogados no chão? Eu
não sei.
Conseguir parar em alguma ideia por
mais de um minuto pra tentar dar sentido a isso, me soa impossível, então as
coisas vão sendo largadas uma depois da outra como tudo tem sido ultimamente.
Então se isso vai servir ou não, se
isso se quer existe, outra coisa que não sei, talvez sejam só pensamentos
confusos jogados pelo chão.
Mais uma vez volto aqui, pelos
apelos insensatos pra tentar, ou não, dar um rumo melhor a algo que não tem
sentido pra minha cabeça.
Mil ideias começam a passar, mas
nenhuma delas me parece minimamente digna de nota. Talvez todas sejam e meu
senso crítico tenha me abandonado, mas quem sou eu pra julgar minhas próprias
ideias? Ninguém.
As ideias vem e vão segundo sua
própria vontade, e nunca a minha. O que por hora tem se mostrado completamente
inconveniente, porque o que se espera de uma pessoa que não consegue controlar
sua própria mente? Nada de bom, garanto.
E pior ainda são as pessoas que não
conseguem controlar o próprio texto, ele vai crescendo e tomando forma, ou
ficando sem forma, sem controle, ele ganha vida própria e se torna
independente.
Afinal o que eu estou fazendo aqui
nessa madrugada mesmo? Fugindo dos meus problemas.
Leibnitiz e a transcendência do amor na Polinésia
Baseado em: A Quinta História
Autoria de Ludwig França Guimarães
Autoria de Ludwig França Guimarães
QUEIXEI-ME DAS BARATAS. Meia-noite, a televisão inútil estava
ligada no meu quarto, como numa maneira automática de não ouvir o silêncio.
Algum programa de documentários, só escutava o nome de uma tal cidade da
Áustria chamada Leibnitz. Depois, uma propaganda, algo sobre lua-de-mel na Polinésia.
Mas isso não interessa. Por que deveria interessar, só porque isso faz parte do
título da história?
Mas o que interessa é que
queixava-me de baratas. O barulho agonizante do caminhar pelos canos até a área
de serviço. Lembrei da receita da vizinha: misturar equivalentemente açúcar,
farinha e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso as faria
esturricar. A princípio uma maneira bem prazerosa de assassinato. Seriam mortes
lentas e sofridas. Mas naquele dia ainda não tinha me atentado a preparar o
terrível veneno.
A verdade é que no dia seguinte
queixei-me de baratas. Não havia conseguido dormir ouvindo o meticuloso barulho
de suas patas articuladas. Engajei-me cuidadosamente no preparo do feitiço,
colocando em partes iguais os ingredientes. Espalhei habilmente o pó branco
pelo chão da área de serviço, principalmente ao redor do ralo.
E eis que a madrugada chega. Acordo
curioso e queixo-me de baratas. Queixo-me porque não escuto mais o agonizante
barulho, que na verdade foi sumindo aos poucos enquanto eu dormia. Chego na
área de serviço e me deparo com insetos endurecidos, sujos de pó branco das
patas às antenas incluindo as bocas. Com a satisfação de um psicopata,
serial-killer ou sei-lá-o-quê, arrasto as estátuas de pedra com a vassoura,
ainda babando de ódio descarregado.
Sucedeu-se que continuei
queixando-me de baratas por uma ou duas semanas. Apesar de não escutá-las
durante o dia, quando elas permaneciam adormecidas e escondidas, sabia que à
noite elas recomeçariam a escalada pelos canos até meu apartamento. Mais
esperto que elas, preparava logo meticulosamente a minha terrível peçonha. Era
uma rotina que logo se tornou viciante, tornando-se uma forma estranha de
satisfação. Não existia outra coisa que mais desejava: matar cada barata que
existe.
Incrivelmente, passei a queixar-me
de baratas. Após uma ou duas semanas, não escutava mais a travessia pelos canos
e pelo chão. O pior de tudo é que nem mesmo via sob a escuridão da madrugada os
corpos esturricados de gesso. Fui averiguar, e descobri que na verdade havia me
queixado de baratas que nem minhas eram: pertenciam ao térreo do prédio,
viajavam pelos canos e faziam questão de “dar o ar da graça” na minha humilde
residência. Mas o síndico do prédio fez o favor de dedetizar o lar das
infelizes ninhadas, de forma que o local ficasse imune ao mísero aparecimento
dos tão queixados artrópodes.
Em verdade digo que queixarei-me eternamente de baratas. Desta vez
da ausência delas. Como era bom aventurar-me na rotina de preparar meu
simplório veneno, já imaginando a textura dos cadáveres enrijecidos pelo gesso.
Passei noites em claro, esperando ouvir o lento atrito das patas com o chão.
Mas nada escutava. Voltava a ligar a televisão num gesto automático de não
querer ouvir o silêncio. Até que um dia escutei falar num programa de
documentários sobre lua-de-mel na Polinésia e sobre uma cidade da Áustria
chamada Leibnitiz. Descobri que isto na verdade interessa, interessa e muito,
mas não porque faz parte do título da história. Representa a transcendência de
sentimentos pela qual passei. Amor sublime ódio. Ou talvez apenas o desejo de
fuga da minha lucidez para algum lugar longe. E eis que queixei-me de baratas.
Moldando baratas mortas
Baseado em: A Quinta História
Autoria de Breno Pereira, Elusai Soares e Lázaro Silva
NASCI PRA MATAR BARATAS. Descobri isso há muitos anos, quando me iniciei no mundo junto a elas,
me apossando de seus pontos fracos e alimentando minha frieza e ganância
perante as coisas boas da vida, que dizem respeito só a mim, claro!
Não quero que, logo
ao me apresentar assim sem muitos caracteres, façam mau juízo de mim. Não sou
ruim, não menosprezo as baratas. Nem posso, apesar de estudar veementemente
seus pontos fracos, reconheço que são necessários, não me desfaço delas por
eles. Preciso deles, preciso me manter sobre meus próprios pés, não somente
isso.
Frieza e ganância?
Todos tem um pouco de cada, e não aceito acusações apenas pela minha ânsia de
mantê-las.
Mas, e as baratas?
Sim, esses asquerosos monstrengos, ora arrepilantes, ora gênios antenados. São
espaçosas e exigentes. Se apoderam do meu lar, à noite preferivelmente, quando
me retiro do mundo para o merecido descanso. Subindo por paredes, canos ou
armários, planejam o meu desassossego, roubam minha comida, sequestram o que
antes eu havia me apoderado alheiamente. Não entendem que já conquistei, não
desistem do meu completo abandono e esquecimento. E quando se rompe a aurora,
fogem quase todas com a minha volta para mais tarde recomeçarem tudo outra vez.
Mas desde o início,
eu jamais pensei em me cansar de sua jornada diariamente noturna. É que a cada
assalto eu consegui enxergar o interior desses seres, os labirintos de sua
mente e os desejos de seus supostos corações. Sua capacidade reprodutora é
incrível e o seus ideais “barateses” me comovem amargamente. Porém, me enojam.
O problema das
baratas é a negação de sua real capacidade. Como conseguem fazer o mesmo
caminho todos os dias, os mesmos planos, e se enroscar na mesma armadilha sem
ao menos colocar sua barba de molho? Suas colegas, antes companheiras
melancólicas, agora estraçalhadas pelo chão, não as deixam desmotivadas, nem
conseguem tocá-las ou fazê-las reconhecer sua sensibilidade. São umas burras,
no sentido coloquial da palavra. E aí está o grave ponto fraco. E eu me apodero
e me aproveito. Me apodero dessa ganância, tomo-a para mim. Me apodero das
baratas, brinco com elas, consigo atraí-las todos os dias com o açúcar da
ilusão, elas se deliciam nele, se esquecem de seus desejos “socialísticos”
nesse único instante de orgia. Nesse último instante de suas vidas, elas se
esquecem da vontade de me ver derrotado, pois sou o único capaz de saciá-las
com o prazer mundano. Oh minhas queridas baratas, não se preocupem agora com
seus ideais, pois não precisam mais deles. Vocês tem o açúcar, doce açúcar... E
nunca mais.
Insistentes por um
mundo de liberdade, onde as baratas possam conviver felizes, sem desigualdades
entre elas e os maiores. Cheias de visões, sonhos a se realizar, desde sempre
imaginavam o meu sumiço para conseguirem a comida de graça, sem lutas. E olhe
só como tudo isso se desfaz, feito açúcar em água. O mesmo açúcar que as
destroem.
E ao longo da vida,
as mesmas armadilhas foram armadas, as mesmas barata caíram. Ingeriram açúcar e
gesso, sentiram prazer ao meu molde, eu as impero, faço o que quero com elas.
Pois são duros os seus corações, da mesma forma que o gesso enrijece em água. E
morrem, morrem em seus erros, em sua ignorância e persistência, na mistura de
gesso e açúcar, na ânsia de se lambuzar em consumismo, em impiedade, egoísmo. O
gesso te destruiu, pois se escondeu no que parecia bom ao seu gosto, é
imperceptível no açúcar quando sua pressa não permite que enxergue o mal que
faz a você e seus companheiros.
Pobres baratas, não
perceberam que eu me desenvolvo com seus erros. Não nego meu apreço por sua
determinação e adoro molda-lás com o meu gesso, com minhas armadilhas diárias.
Deixo as portas abertas para que entrem, para que tentem a cada escuridão celestial.
Espero que nunca usem sua capacidade.
E adormeço
tranquilo, sem nem me preocupar que você se veja como uma barata.
A galinha
Baseado em: A Galinha
Autoria de José do Carmo, José Ronney e Marco Antônio
AINDA DE MANHÃ, não passava das nove e a galinha destinada ao almoço de domingo se
encontrava tranquila em seu canto na cozinha, indiferente a tudo que acontecia
a sua volta.
Era uma galinha sem identidade, como outra qualquer, dessas que não se sabe ao
menos distinguir se é gorda ou magra, apenas mais uma entre tantas outras... Só
não podiam imaginar o que ela estava tramando.
E desta forma, sem mais nem menos, assustando a cozinheira que ali preparava
outros pratos do almoço, alçou um leve voo, inchou o peito e dali alcançou a
murada do terraço. Em seguida, já estava no telhado do vizinho, onde permaneceu
trepidando por alguns instantes. Enquanto isso, todos da família observavam atônitos,
seu almoço em sua fuga desesperada. O dono da casa se pôs a frente e então,
refletindo neste momento o quão útil seria não ter uma vida tão sedentária,
partiu em busca da galinha.
Foi uma perseguição intensa nos telhados. Na rua, pessoas que passavam riam de
tal situação inusitada que já chegava a outro quarteirão. A galinha, coitada,
órfã de pai e mãe, sozinha no mundo, tinha que tomar decisões rápidas diante da
iminente captura do pai de família, que nem ele mesmo suspeitava, mas tinha uma
alma de caçador.
Ela fugia como se não houvesse amanhã, e
realmente não haveria, caso fosse capturada. Porém, mesmo diante dessa situação
de vida ou morte, um sentimento lhe invadira e não era o de medo, e sim o de
liberdade. Ela finalmente se sentiu um ser capaz de outras coisas além de botar
ovos e servir de alimento.
No meio desse devaneio, extasiada por este
momento, a galinha foi pega pelo homem e levada de volta pra casa com imensa
frustração. Chegando a casa, foi colocada no chão, neste momento, ainda grogue,
foi que algo aconteceu. De tamanho nervosismo a galinha pôs um ovo. De forma
bastante natural, a galinha se recompôs e já parecia uma mãe experiente, se
colocando em cima do ovo e manteve-se aquecendo aquilo que nunca passaria de um
ovo.
Assistindo a tudo isso atônita, estava a
menina, que logo saiu espalhando o acontecido a todos e implorando à mãe que
não matasse mais a galinha, afinal, havia sido uma guerreira. Já com todos da
casa em volta da ave, o pai resolveu se manifestar e se postar ao lado da filha
em favor da sobrevida da galinha, deixando a mãe irritada, porém conformada.
Indiferente a tudo que estava acontecendo, a
galinha havia se tornado uma espécie de realeza na casa, mesmo ela nem se dando
conta disso. Permanecia entre a cozinha e o terraço dos fundos, sempre com seu
ar de desinteresse e apatia. Ela, vez ou outra, quando sentia que estavam
esquecendo-a, tomava o pouco de coragem que lhe restara desde sua grande fuga e
perambulava pelas cerâmicas da casa, com seu andar frágil.
Ocasionalmente, recordava de quando fugiu e da
liberdade que sentiu acima do telhado, cortando o ar, imaginava também como
seria poder cantar, e como se sentiria feliz com esse dom. Porém, nem com todos
esses sentimentos e sensações, nada mudava na galinha. A expressão era sempre a
mesma, vazia, fosse ela na fuga, ao descansar, ao caminhar, ao bicar o milho ou
quando deu a luz, seria sempre uma galinha, como as mesmas que sempre existiram
desde o começo dos tempos.
E assim desta forma, um dia ela seguiu o
destino das suas, foi morta, devorada e outras vieram.
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